Sedentarismo...,
deixa até o sistema imunológico preguiçoso, mas o extremo oposto pode ter efeitos igualmente nocivos à barreira natural do corpo contra infecções.
O porte e, acima de tudo, a capacidade para superar
provações físicas hercúleas dão a impressão de que um atleta não teria problema
para sobrepujar vírus e bactérias que o desafiem. Esse senso comum ganha mais
força com as claras evidências científicas de que a prática regular de
atividade física fortalece o exército que combate microorganismos oportunistas.
"Porém, dados epidemiológicos mostram que esportistas profissionais são
três vezes mais suscetíveis a doenças infecciosas, principalmente as do trato respiratório",
revela Tânia Pithon-Curi, educadora física da Universidade Cruzeiro do Sul, em
São Paulo.
Em busca de respostas ao enigma acima, Tânia fez
ratinhos correrem em uma esteira até a exaustão. Depois, analisou os chamados
neutrófilos, células brancas com a habilidade de englobar e, assim, neutralizar
invasores maléficos. A descoberta é surpreendente: uma única sessão de treino
intenso foi capaz de estimular a apoptose, uma espécie de suicídio, desses
pequenos soldados. "Normalmente, esse mecanismo serve para reciclar as
defesas. Só que, quando ele é acelerado, o organismo fica em déficit por não
conseguir produzir novas células na mesma velocidade", explica a
pesquisadora. Resumindo, esforço físico demasiado diminui a resistência contra
gripes, resfriados e companhia.
Quando falamos em exagero, não abordamos apenas
quem vê a atividade física como profissão. Indivíduos que acabaram de trocar o
sofá pela academia podem causar danos a si próprios com cargas que não fariam
mal a outros mais condicionados. "O limite depende de fatores como o
preparo físico, a idade, o sexo e até a alimentação do dia. Por isso o
acompanhamento de especialistas é tão importante", relata o fisiologista
Orlando Laitano, da Universidade Federal do Vale do São Francisco, em Pernambuco.
Cruzar a linha individual entre uma prática física
moderada e outra extenuante também eleva a concentração dos radicais livres,
moléculas que, em altas doses, são nefastas ao sistema imune. "Além disso,
eles aumentam as inflamações e o risco cardiovascular", afirma Cláudia
Cavaglieri, fisiologista da Universidade Estadual de Campinas, no interior
paulista. Isso sem contar que contribuem para o aparecimento de tumores.
Já está claro que não faltam motivos para evitar um
abuso. As questões que ficam, no entanto, são se cada estrutura do corpo teria
limites diferentes e se alguns deles poderiam ser extrapolados sem percebermos.
Em outras palavras, nossa defesa contra vírus e bactérias pode se cansar antes
do coração e, a partir daí, começar a sofrer silenciosamente? "O tema é
controverso, mas há uma nova teoria de que, quando uma parte específica do
organismo apresenta sobrecarga intensa, o sistema nervoso central sinaliza com
fadiga generalizada", informa Laitano. Acreditando ou não nessa hipótese inusitada,
os especialistas são unânimes em afirmar que dificilmente a exaustão e os
problemas decorrentes dela afetem qualquer área ou função corporal antes do
surgimento de sinais como dificuldade para respirar e cansaço da musculatura.
Avance no treinamento sem correr riscos Por um
lado, o limiar da moderação precisa ser respeitado. Por outro, ele deve ser,
aos poucos e com orientação, empurrado para a frente. "Se a intensidade ou
a duração do exercício não são modificadas ao longo dos meses, ocorre uma adaptação
do organismo. O que antes era adequado pode se tornar leve demais e, com isso,
menos benéfico ao corpo", esclarece a educadora física Tânia Pithon-Curi.
Logo após deixar o sedentarismo, o correto é
investir em práticas brandas. "Nessa etapa, é preferível focar no tempo de
exercício do que na sua intensidade", complementa Páblius Braga, médico do
esporte do Hospital Nove de Julho, em São Paulo. Em vez de correr por 15
minutos, tente caminhar por meia hora, por exemplo. Isso, além de promover
melhoras expressivas, ainda diminui a incidência de lesões.
É essencial que o ajuste do treino seja constante
nos primeiros 60 dias de ralação — de preferência, o educador físico precisa
verificar o progresso da pessoa quinzenalmente. Durante esse período inicial, o
ganho de força e de resistência é rápido graças a adaptações dos próprios
nervos que se localizam nos músculos, inclusive no cardíaco. Depois disso, vale
consultar quem está prescrevendo a malhação pelo menos a cada quatro meses. O
médico também faz parte dessa história: o ideal é realizar um checkup completo
anualmente para verificar eventuais anomalias. Com supervisão profissional e um
pouco de calma, você chega lá — sem tropeços, tosses e espirros pelo caminho.
Na medida certa: Só os experts podem prescrever o
exercício ideal para cada um. Contudo, há sinais que indicam quando o esforço
está aquém ou além do desejado.
Nem de menos: Se durante uma atividade física o
corpo não mostra nenhum sinal de cansaço, talvez seja bom apertar ligeiramente
o passo. Ausência de suor ou da sensação de relaxamento após a prática também
indicam uma intensidade leve demais.
Nem a mais: Fique esperto com taquicardias, dificuldades para
respirar, tonturas, insônia... "Inchaço, dores insistentes e vermelhidão
nas articulações são outras mostras de que o ritmo está elevado",
acrescenta o ortopedista Lafayette Lage, de São Paulo.
Fique de olho: Entenda por que certas condições
exigem um cuidado especial com a atividade física.
Obesidade: A união entre gordura de sobra e passadas vigorosas
demais pesa nas articulações e ainda gera processos inflamatórios.
Diabete: Os medicamentos usados para controlar os níveis de açúcar no sangue, associados ao alto consumo de glicose de uma prática extenuante, podem culminar em hipoglicemia.
Diabete: Os medicamentos usados para controlar os níveis de açúcar no sangue, associados ao alto consumo de glicose de uma prática extenuante, podem culminar em hipoglicemia.
Asma: Se o pulmão trabalha em excesso para garantir
oxigênio, o risco de uma crise sobe. O asmático sempre deve carregar sua
bombinha durante o exercício.
Problemas cardíacos: Um
coração fragilizado, quando exigido além da conta, pode falhar. Nesses casos se
recomendam exercícios pouco intensos e prolongados.
Na dose ideal... ...os esportes asseguram
benesses do último fio de cabelo até a ponta dos pés.
Cabeça: eles incrementam a circulação sanguínea no
cérebro, diminuindo o risco de derrames, e ainda ajudam a criar neurônios, o
que garante uma maior capacidade cognitiva.
Coração: os exercícios mantêm todos os vasos em forma. Isso
evita que o músculo cardíaco trabalhe arduamente para conseguir bombear sangue
para todo o corpo.
Câncer: a modalidade esportiva favorita de um indivíduo,
além de aplacar o estresse, fator de risco para o mal, controla hormônios que
favorecem os tumores.
Diabete: o próprio emagrecimento já diminui a resistência à insulina. De quebra, a atividade física regular facilita a entrada de glicose nas células.
Ossos: eles são ativados pela movimentação muscular. Para aguentar a ligeira sobrecarga, tornam-se densos e fortes, o que afasta a osteoporose.
Em excesso... ...a atividade física perde seu potencial benfeitor e vira risco a inúmeros transtornos
Diabete: o próprio emagrecimento já diminui a resistência à insulina. De quebra, a atividade física regular facilita a entrada de glicose nas células.
Ossos: eles são ativados pela movimentação muscular. Para aguentar a ligeira sobrecarga, tornam-se densos e fortes, o que afasta a osteoporose.
Em excesso... ...a atividade física perde seu potencial benfeitor e vira risco a inúmeros transtornos
Cabeça: a grande
presença de hormônios do estresse decorrentes do exagero provoca dores e
dificuldade para raciocinar. Em casos extremos, podem favorecer um acidente
vascular.
Coração: se sua
frequência fica para lá de alta por muito tempo, o músculo cardíaco se desgasta
de tal forma que pode se degenerar — é o processo de um infarto.
Câncer: ao consumir toda a energia do corpo, faltam forças
para combater a doença. Isso sem contar que um sistema imune fraco não lida com
o tumor adequadamente.
Diabete: o diabético tem um risco aumentado de desenvolver
transtornos cardíacos. A probabilidade sobe mais ainda quando ele extrapola no
exercício.
Ossos: um esforço homérico altera o equilíbrio de hormônios responsáveis pela produção de massa óssea. Com isso, a ossatura fica frágil e propensa a fraturas.
Ossos: um esforço homérico altera o equilíbrio de hormônios responsáveis pela produção de massa óssea. Com isso, a ossatura fica frágil e propensa a fraturas.
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